Bem - Vindos

O Programa de Aprendizagem Cooperativa em Células Estudantis é um programa de bolsas de monitoria da Pró-Reitoria de Graduação da UFC que tem como principal objetivo colaborar para o aumento da taxa de conclusão nos cursos de graduação da UFC.

A principal estratégia utilizada é a difusão de Células Estudantis - grupos de estudo que utilizam a metodologia de Aprendizagem Cooperativa.
Postado por : Unknown terça-feira, 24 de setembro de 2013

 Era uma vez, mais uma sexta-feira que se tornaria comum, diante dos olhos das pessoas que transitavam pelo cinza das ruas, ainda visíveis, alheios aos carros que logo tomariam seu espaço como soberanos do asfalto. Levanto-me da cama, com os olhos direcionados para os ponteiros que, ainda folgados, não perderiam uma chance de acelerar o tempo, apenas para que me atrasasse. Após um leve desjejum e um “até logo” de mãe, como um selo em uma carta valiosa, parti em direção ao ponto de encontro de mais uma jornada.
O limiar entre o azul, cinza e verde.
No local, atento aos outros integrantes-que logo chegaram-, partimos para Pentecoste, localizada uma curva acima do último raio de sol. A condução-um bravo Uno Mile vermelho – nos aguardava pronto para as, cerca de, duas horas de viagem, subindo nos braços do estado. Com os cinco espaços ocupados, o carro partiu. A quinta marcha era a companheira fiel de Seu Lima, o condutor. Conversas aleatórias pontuavam a viagem, como por exemplo: “- Qual o maior terminal de ônibus da cidade?” e animavam a jornada que ainda estava nos portões de Fortaleza.
Em um único tom, o motor do carro anunciava nossa distância da cidade. A nuance de tons, confrontados entre o cinza do asfalto e os amarelos da paisagem seca do agreste, eram a pintura viva do quadro que estávamos pincelando. Eis que, após algumas placas de “Bem vindo” serem ultrapassadas, paramos para uma tradicional rodada de tapiocas com café que naquela hora, soava como um hino de vitória, diante da fome que já me contaminava.
É aqui que a história muda de página. De uma viagem simples, narrada com tranquilidade, passamos para o que nosso estado tem de melhor, o espírito moleque e divertido. Tomar o café, uma tarefa trivial, tornou-se complicado diante de dois talentosíssimos humoristas. Chegando no carro da Professora Ana Célia,  Juan e Rogério, crias da terra, sabiam o tom certo para que, em uma simples expressão facial - bonita ou não- transformassem as nossas em completas feições desajeitadas, ante a graça que nos rodeava.
Voltamos aos carros e nos dirigimos para a escola. As carnaúbas eram agora nossas companheiras de viagem, vigiando nosso caminho. Traziam uma singela sombra para amenizar o calor que se alastrava pelo carro. Como uma antiga amiga, Pentecoste nos recebe de braços abertos, com suas subidas e descidas sinuosas. As mesmas nos levaram a Escola de Educação Profissional de Pentecoste, local de nossa estadia momentânea; o centro de risadas itinerante que chegara.
Descemos do carro. A brisa corria pelo pátio da escola e nos conduzia para o auditório, local da apresentação. A data marcaria a abertura das atividades do Projeto Leitura e Escrita, realizado por bolsistas PACCE, da comissão de Docência, articulados com a professora do Departamento de Letras Vernáculas da UFC, Ana Célia. O projeto auxilia os alunos no desenvolvimento da leitura e escrita, de uma maneira lúdica e prazerosa.
Transformação. Foto: Josy Lima
Os artistas estavam na coxia improvisada do auditório, aprontando-se para o grande momento. O fervor dos alunos nas poltronas, corredores, em cima do palco, em cadeiras improvisadas e colos de amigos, deixava evidente que esse momento já estava anunciado e era aguardado por severos longos dias. Eis então que eles adentraram em seu habitat, as madeiras entrepostas de um palco, pronto para lhes receber de braços abertos. Então, o peristaltismo da barriga é ativado. Os minutos passaram e as risadas não. Essas só aumentavam com a corrida dos ponteiros e, também, com o aumento das piadas e músicas. De causos típicos cearenses à Malcione e Maria Britânia; de piadas aleatórias, as maravilhas do Maranhão, o show seguia e, mesmo com a senha Almoço, alguns alunos ainda paravam para fotos e conversas com os artistas.
As cadeiras agora mostravam seu verde forte de revestimento, vazias. Apenas nós, o grupo inicial e os artistas, estávamos aguardando para almoçarmos e sentirmos o doce sabor da tarefa completada. Ademais, o encontro fora proveitoso. Das falas de incentivo aos sonhos, do estímulo ao aprendizado e aproveitamento de todo o suporte da escola, vimos que, o humor, pode sim, exalar lições de sorrisos conquistados com alguma anedota.
No estacionamento, o uno nos esperava, com as portas abertas, se refrescando e amenizando o ambiente para nossa chegada. Entramos e seguimos para o almoço. Um banquete que ninguém esperava. Os caminhos nos levavam para além da entrada da cidade. A ponte ao lado açude Pereira de Miranda, era o trajeto a seguir. Mais algumas curvas e um pouco de poeira no para-brisa bastou para que chegássemos ao almoço.
Regados a manteiga da terra, nata local, molho de limão e alguns causos e piadas, o peixe era banqueteado a moda antiga. As peças preparadas com cebolas e tomates chegavam junto com poções de baião, prontos para serem degustados e exterminados em pouco tempo. A satisfação alcançou a todos. Após fotos e despedidas, era hora de voltar.
O retorno seria um misto de cesta com pequenos lapsos de volta a realidade. Os quilômetros se passavam, as paisagens mudavam, a contragosto do clima, que se mantinha quente. As lembranças que vinham a memória retravam as alegrias vivenciadas na manhã. Os risos, o incentivo, a amizade e, principalmente, a cooperação. Essa, a mais vislumbrava e propagada pelo poder dessa escola e da metodologia.
Assim, encerro o texto. As linhas ulteriores foram um relato daquilo que pude perceber nessa andança matinal.  De uma simples tapioca, ao subjetivismo de um sorriso por uma piada. No mais, fica o convite para todos os alunos secundaristas da Escola Profissional não desistirem de seus objetivos e sonhos. Por mais difíceis que possam parecer, o túnel nunca acaba, enquanto estivermos dentro dele, a caminho da saída.

Um abraço  ;)


Lucas Bernardo Reis

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